É típico do homem escrever esquemas, fazer
roteiros, bolar fórmulas. Queremos estar no controle e essa necessidade é
legítima. Só que às vezes descobrimos muito tarde que algumas coisas não são
controláveis, no máximo influenciáveis. E a possibilidade de influenciarmos as
circunstâncias de maneira negativa é muito alta. O fato de vivermos em uma sociedade que exige rapidez nas decisões
nos força a decidirmos quem queremos ser antes da vida adulta. Conheço pessoas
que se deram mal. Conheço pessoas que estão felizes. E não falo aqui só do
ponto de vista financeiro-profissional. Falo também dos afetos, das relações
que são estabelecidas ao longo do caminho. Algumas se dão mal nas duas coisas.
Outras conseguem sucesso, mas estão sozinhas, abandonadas. E existe a
experiência de estar bem acompanhado e viver perrengues financeiros que fazem o
diabo encarnar. Tudo isso foge à nossas fórmulas. Normalmente planejamos uma
profissão que nos realize, um amor hollywoodiano, bons amigos e o lugar certo.
Sinto dizer, mas não existe uma profissão que
nos realize. Nós somos feitos de realizações profissionais. Então vale a pena
chutar o balde, mudar de setor na empresa, pedir demissão, iniciar um novo
curso.
Sinto novamente em dizer, não existe amor
hollywoodiano algum. Existe o amor não adjetivado. Aquele que temos que
reinventar todos os dias. Amores adjetivados estão fadados ao fim.
Bons amigos não existem. Eles sempre estarão
aquém de nossas perspectivas e se você não descobrir isso rápido, vai ficar
sozinho. Amigos precisam ser leais e corajosos. Isso basta.
O lugar certo? Nós somos do universo. O fóssil mais antigo do gênero
Homo tem 2,8 milhões de anos! Pelo amor de Deus! Temos milhas
aéreas. Não existe lugar certo.
É difícil chegar na vida adulta e perceber
que tudo aquilo que nos fizeram planejar na adolescência precisa ser rasurado e
reescrito. Mas é isso. Pegue seu corretivo e escreva de novo, só que dessa vez com
um lápis.
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