quarta-feira, 8 de julho de 2015

Rasurando a adolescência


É típico do homem escrever esquemas, fazer roteiros, bolar fórmulas. Queremos estar no controle e essa necessidade é legítima. Só que às vezes descobrimos muito tarde que algumas coisas não são controláveis, no máximo influenciáveis. E a possibilidade de influenciarmos as circunstâncias de maneira negativa é muito alta.   O fato de vivermos em uma sociedade que exige rapidez nas decisões nos força a decidirmos quem queremos ser antes da vida adulta. Conheço pessoas que se deram mal. Conheço pessoas que estão felizes. E não falo aqui só do ponto de vista financeiro-profissional. Falo também dos afetos, das relações que são estabelecidas ao longo do caminho. Algumas se dão mal nas duas coisas. Outras conseguem sucesso, mas estão sozinhas, abandonadas. E existe a experiência de estar bem acompanhado e viver perrengues financeiros que fazem o diabo encarnar. Tudo isso foge à nossas fórmulas. Normalmente planejamos uma profissão que nos realize, um amor hollywoodiano, bons amigos e o lugar certo.
           
Sinto dizer, mas não existe uma profissão que nos realize. Nós somos feitos de realizações profissionais. Então vale a pena chutar o balde, mudar de setor na empresa, pedir demissão, iniciar um novo curso.
           
Sinto novamente em dizer, não existe amor hollywoodiano algum. Existe o amor não adjetivado. Aquele que temos que reinventar todos os dias. Amores adjetivados estão fadados ao fim.
           
Bons amigos não existem. Eles sempre estarão aquém de nossas perspectivas e se você não descobrir isso rápido, vai ficar sozinho. Amigos precisam ser leais e corajosos. Isso basta.
           
O lugar certo? Nós somos do universo. O fóssil mais antigo do gênero Homo tem 2,8 milhões de anos! Pelo amor de Deus! Temos milhas aéreas. Não existe lugar certo.
           
É difícil chegar na vida adulta e perceber que tudo aquilo que nos fizeram planejar na adolescência precisa ser rasurado e reescrito. Mas é isso. Pegue seu corretivo e escreva de novo, só que dessa vez com um lápis.
           
E não se entristeça. Afinal de contas quem não sente saudades do ideal? Quem não sente saudades dos projetos feitos na adolescência?



Nenhum comentário:

Postar um comentário