quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Feliz ano velho, feliz ano novo.


            Alguém me escreveu outro dia fazendo referência à inteligência do homem que começou a contar o tempo. Sempre pensei nisso, mas nunca com a intenção de maximizar o mérito de quem quer que seja que iniciou a contagem do nosso tempo. Sequer sei quem é. Na verdade eu sempre pensei na importância de termos referências para que pudéssemos viver o que realmente importa, e não para termos um relógio nos dizendo o tempo todo que estamos atrasados. A referência para mim serve como termômetro de vida em profundidade. Recuso-me a permitir que o relógio diga-me quanto tempo estou perdendo com minhas sonecas. Recuso-me a permitir que o relógio diga-me quanto tempo estou desperdiçando com poesia. Recuso-me a permitir que o relógio diga-me quanto tempo estou deixando passar com internet e telefone, desde que estes me unam às pessoas que amo. Não permito que os ponteiros sejam deificados e conduzam minha vida através da mínima: Tempo é dinheiro. A referência à qual faço menção é a mesma feita por Rubem Alves: Tempus Fugit! O tempo está passando, fugindo de nós. E o que temos sentido? A pergunta é essa: o que temos sentido. Não ouso perguntar sobre o que tenho feito, porque é cair de um precipício. Fazer, ter, comprar, possuir.... são verbos que não entram em minhas prioridades quando penso em referência de tempo.
            Chegando ao final de mais trezentos e sessenta e cinco dias (que poderiam ser duzentos, ou cento e vinte – afinal é só referência) reporto-me às minhas sensações. Às minhas emoções. Àquilo que pude proporcionar e ao que me proporcionaram.
            Ao findar desse dois mil e onze posso afirmar que sou mais feliz.
            Sou mais feliz porque comprei menos e doei mais.
            Porque liguei mais para meus amigos.
            Amei mais minha família.
            Sou mais feliz porque procurei ser mais generoso com o outro e mais exigente comigo mesmo.
            Sou mais feliz porque viajei mais para encontrar-me com pessoas que amo.
            Porque aprendi a diferença entre exercitar a solidão que amadurece e ser sozinho.
            Sou mais feliz porque investi em pequenos momentos: correr, pedalar, caminhar, olhar o céu.
            Porque só li aquilo que eu quis. Porque não li nada técnico.
            Quando olho para o ano que está morrendo percebo que consegui recuperar velhas amizades, quase esquecidas pela idolatria aos deuses tempo e distância, mas revivificadas pelo poder do olhar e das palavras ditas com afeto.
            É bom descobrir que as calamidades do universo não me destruíram, apesar de terem me abalado.
            Sou mais feliz porque conheci pessoas novas, tão boas quanto as velhas, e porque com ambas continuo descobrindo a beleza de ser humano.
            Hoje quando percebo o ano se esvaindo pelas minhas mãos sou grato a ele, por ter me oportunizado, em seu referencial de tempo, encontrar, desencontrar, reencontrar e encontrar de novo, e continuar encontrando motivos para viver bem o tempo que se vai.
            Que em dois mil e doze, como diria um amigo, sejamos menos lâmpada e mais luz. Que sejamos mais humanos com o tempo que temos pela frente. Que deixemos as velhas brigas em prol de novos ideais. Que abracemos mais. Que aprendamos a andar de bicicleta de novo. Que possamos ir à missa, ou ao culto, ou à reunião de Evangelho nos lares com liberdade. Que exercitemos a caridade com o que está ao nosso lado e com o que está em outro continente. Que em dois mil e doze possamos dizer ao dinheiro “quem é mesmo o dono de quem”.
            Que no próximo referencial de tempo você e eu possamos ser felizes na simplicidade das coisas simples, e que se vierem as complexas, que sejamos felizes com elas também, porque o que importa é ter consciência de que a felicidade é um caminho que escolho sendo senhor do meu tempo. Porque Tempus Fugit!
            Feliz ano velho, feliz ano novo.
              
            Raphael Juliano

           
           

quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

DIÁRIO DE UM TIO 2

28 de dezembro de 2011;

Logo que minha irmã ficou grávida tirei uma folga e viajei para Montes Claros para abraçá-la e abraçar a pequena vida que se fazia em seu ventre. Quis dar um presente que o bebê pudesse usar para a vida toda. Foi aí que lembrei-me do ano de 2000, quando era frade carmelita. Conheci Exupéry, um escritor formidável. Decidi presentear meu sobrinho com um livro mesmo ele ainda estando em sua toca. Seria o primeiro livro de Enzo. A dedicatória diz assim:
"Querido bebê,
toda vida influencia outras vidas; 
Desde já você tem influenciado a existência deste velho aprendiz.
Saia logo dessa toca para aprendermos muitas coisas juntos.

Seu tio, que já te ama...

Raphael Juliano 06/05/11"


Quando Enzo nasceu decidi ler-lhe o livro. Comecei a bela narrativa de " O pequeno príncipe" com ele em meu colo. O olhar do garoto era de uma atenção degustativa. A impressão que tive foi que ele gostou da sonoridade contínua de uma h-estória de amor e carinho. Talvez os céticos relacionais creiam (ou descreiam - sei lá) que um bebê de dias de vida fora do útero não compreenda de narrativas. Pode ser. Mas eu creio na força das palavras. Na força da poesia. Creio que as letras ditas com amor podem gerar paz e perspectiva de eternidade nas pessoas. Não falo de uma eternidade geográfica, falo da eternidade do ecoar daquilo que é verbalizado com afeição e que se materializa no espírito.
O olhar de Enzo, quando leio para ele, é um olhar de compreensão total. Ele compreende que é amado. Ele compreende que está seguro. Ele compreende que está quente e alimentado. É essa eternidade que a leitura gera no coração do pequenino: a eternidade que começa aqui, com o amor de um tio coruja.

RJ

segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

DIÁRIO DE UM TIO 1



26 de dezembro de 2011;

No dia vinte e um  de dezembro de 2011, às 22h02min nasceu o pequeno Enzo, meu sobrinho amado.
Imediatamente no dia vinte e quatro embarquei para Montes Claros, deixando meu sobrado na Capital sob os cuidados do meu comparsa Fernando.
Grande surpresa para todos! Como foi bom sentir a fragilidade da vidinha de meu sobrinho em minhas mãos. As pessoas grandes gostam de caracterizar tudo com números. Não quero pensar em números. Quantos kilos, centímetros.... Enzo é lindo. Olhar sereno, cabelos sedosos revoltos. Os lábios são da família Juliano, formando um beicinho simpático. A pele é tão sensível! Peludo como o titio, até as orelhinas têm pêlos. O berro atesta que é um menino de pulmões saudáveis.
Fico em vígilia ao lado do berço, velando o sono do pequenino. Afago sua cabecinha quando ele faz caretas de sono ruim e fotografo quando ele sorri aos embalos de um sonho bom.
É uma vida nova. Ser tio é trazer à existência uma paternidade espiritual-afetiva que nos faz entender a dimensão do amor ágape. Do amor que vai além do eu!
Como já havia dito antes: é vida renovando vida. A árvore da vida..... gerando amor novo. Gerando perspectiva de eternidade aqui e agora, no nosso mundinho cheio de finitudes.
Quero ensiná-lo as coisas boas que aprendi em meus poucos anos de vida. Quero partilhar com ele o olhar de quem vê o mundo com poesia.
Quando temos um bebê ao colo percebemos como a adultice é chata e cansativa. Quero ensinar ao Enzo a ter paciência com as pessoas grandes.

Espero que vocês tenham paciência com esse novo diário. E se for difícil, leiam "O pequeno príncipe" e ao verem os desenhos aprendam a ver jiboias que engolem elefantes e não chapéus. Eis o mistério da infância: o olhar.

RJ

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

A procura da batida perfeita: voluntariado.

1. Todos podem ser voluntários

Trabalho voluntário é uma experiência aberta a todos. Não é só quem é "especialista" em alguma coisa que pode ser voluntário. Muito pelo contrário: todos podem contribuir, a partir da idéia de que o que cada um faz bem, pode fazer bem a alguém. O que conta é a motivação solidária, o desejo de ajudar, o prazer de se sentir útil. Muitos profissionais preferem colaborar em áreas fora de sua competência específica, exatamente para se abrir a novas experiências e vivências.

2. Trabalho voluntário é uma via de mão dupla: o voluntário doa e recebe

Voluntariado não tem nada a ver com obrigação, com coisa chata, triste, motivada por sentimento de culpa. Voluntariado é uma experiência espontânea, alegre, prazerosa, gratificante. O voluntário doa sua energia, tempo e talento mas ganha muitas coisas em troca: contato humano, convivência com pessoas diferentes, oportunidade de viver outras situações, aprender coisas novas, satisfação de se sentir útil.

3. Voluntariado é uma relação humana, rica e solidária

Trabalho voluntário não é uma atividade fria, racional e impessoal. ? contato humano, oportunidade para se fazer novos amigos, intercâmbio e aprendizado. Este sentimento de estar sendo útil a alguém é uma motivação fortíssima para o envolvimento de pessoas como os idosos, aposentados e portadores de deficiências, que a sociedade tende a desvalorizar e considerar inúteis

4. No voluntariado, todos ganham: o voluntário, aquele com quem o voluntário trabalha, a comunidade

A ação voluntária visa a ajudar pessoas em dificuldade, resolver problemas sociais, melhorar a qualidade de vida da comunidade. Seu sentido é eminentemente positivo: ao mobilizar energias, recursos e competências em prol de ações de interesse coletivo, o voluntariado reforça a solidariedade social e contribui para a construção de uma sociedade mais justa e humana.

5. Voluntariado é uma ação duradoura e com qualidade

O voluntariado não compete com o trabalho remunerado nem com a ação do Estado. Sua função não é tapar buracos nem apenas compensar carências.
Uma sociedade participante e responsável, capaz de agir por si mesma, não espera tudo do Estado, mas tampouco abre mão de cobrar do governo aquilo que só ele pode fazer.

6. As formas de ação voluntária são tão variadas quanto as necessidades da comunidade e a criatividade do voluntário

Tradicionalmente, no Brasil, o voluntariado se concentrou na área de saúde e no atendimento a pessoas carentes. O reconhecimento da urgência de ações nessas áreas não é contraditório com a valorização de novas possibilidades de voluntariado nas áreas de educação, atividades esportivas e culturais, proteção do meio ambiente, etc. Cada necessidade social é uma oportunidade de ação voluntária. Basta olhar em volta e dar o primeiro passo.

7. Voluntariado é ação

O voluntário é um pessoa criativa, decidida, solidária. No trabalho voluntário, não há cartórios nem monopólios. Não há hierarquia de prioridades. Não é preciso pedir licença a alguém, antes de começar a agir. Quem quer, vai e faz.

8. Cada um é voluntário a seu modo

Alguns são capazes individualmente de identificar um problema, arregaçar as mangas e agir. Outros preferem atuar em grupo. Grupos de vizinhos, de amigos, de estudantes ou aposentados, de colegas de trabalho que se mobilizam para ajudar pessoas e comunidades. Por vezes, é uma instituição inteira que se mobiliza, seja ela um clube, uma igreja, uma entidade beneficente ou uma empresa. No voluntariado é assim: não há fórmulas nem receitas a serem seguidas.

9. Voluntariado é escolha

Cada um contribui, na medida de suas possibilidades, com aquilo que sabe e quer fazer. Uns têm mais tempo livre, outros só dispõem de algumas poucas horas por semana. Alguns sabem exatamente onde ou com quem querem trabalhar. Outros estão prontos a ajudar no que for preciso, onde a necessidade é mais urgente. Cada compromisso assumido, no entanto, é para ser cumprido.

10. Voluntariado é um fenômeno mundial

A escolha do ano de 2001, pelas Nações Unidas como Ano Internacional do Voluntariado, representa o reconhecimento internacional do voluntariado como fenômeno contemporâneo e global. Esta celebração é uma oportunidade a ser aproveitada para consolidar o voluntariado no Brasil como componente essencial de uma sociedade cada vez mais democrática e participativa.
Artigo publicado no "Guia do Voluntariado", da Associação Tertio Millennio, de autoria de Miguel Darcy de Oliveira, Membro do Comitê Executivo do Conselho da Comunidade Solidária e Coordenador do Programa Voluntários do Conselho da Comunidade Solidária

segunda-feira, 12 de dezembro de 2011

Breve comentário sobre o filme "Magnólia".


Ontem decidi ver pela segunda vez o filme “Magnólia”, de Paul Thomas Anderson. Confesso que quando assisti a esta película pela primeira vez não tive os mesmos orgasmos intelectuais que me vieram ontem.
O filme mostra a h-estória de várias pessoas que moram na rua magnólia. Isso me passou despercebido na primeira exibição, mas ontem percebi que em um dado momento quase todas as personagens se cruzam pela mesma via.
O emaranhado do diretor Thomas Anderson retrata diversos níveis de relação, mas algo que salta da tela a todo instante é a relação entre pais e filhos.
Longe de meu interesse querer ser um crítico de cinema, e por isso mesmo não vou aprofundar-me na obra, mas tão somente naquilo que o filme traz de mais revelador. O elenco está cheio de ótimos atores, desde carinhas bonitinhas (Tom Cruise) à caronas não tão bonitinhas, mas de muito talento, inclusive um que eu amo: Philip Seymor Hoffman.
O ponto comum das personagens-revelação é a filiação. Frank foi abandonado pelo pai a cuidar da mãe enferma. Cláudia foi molestada pelo pai. Donnie foi roubado pelos pais e Stanley, um garotinho-gênio, é manipulado pelo genitor.
A relação entre filhos e pais dos três primeiros se deu no passado, e o passado acabou batendo às portas dos mesmos. Frank se tornou um guru do sexo, ridicularizando toda e qualquer relação conjugal ensinando como os homens deveriam tornar as “vaginas depósitos de esperma”. Cláudia, molestada, torna-se uma cocainômana frustrada que não tem prazer nas relações com os homens. E Donnie, vencedor de um grande prêmio em um programa de perguntas e respostas, tem o mesmo prêmio roubado pelos malfeitores paternos e torna-se um ex-gênio frustrado e sexualmente mal resolvido. Até aqui todos marcados pelas mãos paternas. O grande lance do roteiro é Stanley, que vive o presente com o pai pressionando-o para que ele ganhe dinheiro através de sua larga inteligência, no mesmo programa que Donnie um dia se tornara o garoto sensação.  
A cena reveladora para mim foi a chuva de rãs (Prestem atenção que aparece a todo momento no filme a imagem “8:2”). Em um dado momento do filme, quando os destinos estão selados, rãs começam a cair do céu. Imediatamente fui remetido ao primeiro testamento da bíblia, ao livro de Êxodo (a imagem “8:2” se refere ao capítulo oitavo, versículo segundo de Êxodo), quando Deus manda rãs como castigo ao povo egípcio.
Importante mencionar também que o livro de Êxodo traz uma definição que os evangélicos costumam chamar de “maldição hereditária”. Isso porque Deus afirma, em dado momento de sua estória legal com a humanidade, que cobraria os pecados dos pais nos filhos.
            As rãs no velho testamento estavam associadas com a deusa Heqt, que ajudava as mulheres no parto. É uma praga cômica, pois a deusa Heqt, dos egípcios, estava vinculada à fertilidade, ao parto, ou seja, indiretamente, ao termo “filiação”. Não quero teologizar, mas apenas partilhar aquilo que me fez rir muito. O filme foi mais epifânico para mim que o próprio antigo testamento. Thomas Anderson, a meu ver, quis mostrar a cara engraçada de Deus, demonstrando sua soberania brincando com a deidade dos povos do Egito – escrevo isso com todo respeito aos seguidores de Heqt, afinal são apenas palavras de um apreciador de cinema e não de um teólogo, como já disse.
Magnólia não é um filme religioso. Mas para a compreensão da película é necessário ter lido algo do velho e do novo testamento.
Fica claro, então, que os roubos, abusos, negligencias dos pais são refletidos nos filhos, mas não da maneira como os evangélicos colocam: “maldição hereditária”. E sim em uma relação simples de causa e efeito onde muitas pessoas não conseguem lidar com situações limites e são “castigadas” pelas suas próprias emoções e descontroles. A perda do equilíbrio é o pior castigo que podemos permitir que nos aconteça. A chuva de rãs é apenas a descrição artística desse enredo conflitivo.
O melhor no filme depois da chuva de sapos é a dimensão redentora de Stanley. O único personagem que ainda vive a relação de vítima oprimida pelo pai. Depois de desistir de vencer o programa de gênios e faturar o dinheiro, Stanley foge do pai e vai à escola. Depois da queda glamorosa dos sapinhos, ele retorna para casa e acorda o papai sacana com a frase: “Pai você precisa me dar mais carinho.” Percebo um tipo humano redentor em Stanley – tipo para nós sociólogos é a representação ideal que pode ajudar na compreensão de um sistema. Se percorrermos o novo testamento esse tipo ao qual me refiro é reportado a Jesus. O grande judeu em suas biografias mostra a todo tempo que não existe “maldição” onde a graça preenche. Ele mostra que o amor é capaz de nos reorientar aos nossos eixos, ao equilíbrio. Stanley personaliza o trecho “Cristo levou sobre si nossas maldições”.
Imediatamente todos os outros personagens se reorientam. Cláudia encontra o policial bom e os dois se apaixonam. Frank perdoa seu pai no leito de morte do antigo genitor-carrasco. Donnie se reconhece como pessoa com autodeterminação em todas as dimensões de sua vida. E o pequenino Stanley vislumbra tomar posse do amor que reivindicou do pai.
Magnificamente o filme me remeteu ao poder do amor. Ao poder de libertação e redenção que as relações podem ter. Elas podem sim, aprisionar e oprimir, mas quando se tem a revelação da gratuidade genuína das relações em profundidade, ninguém fica preso.
A gratuidade dessas relações de profundidade são demonstradas pelos anjos-humanos que são condutores do amor que flui de Stanley. O policial ingênuo. O enfermeiro bondoso (meu favorito Philip Seymor Hoffman) a esposa (arrependida) do pai de Frank, a repórter instigadora de verdades. Todos co-participes na redenção dos personagens amaldiçoados.
Lembrei-me muito do saudoso Renato Russo:
“Você culpa seus pais por tudo, isso é absurdo
São crianças como você
O que você vai ser,
Quando você crescer?”
Fica a reflexão: quem nós estamos culpando? Quem seremos hoje? “Porque se você parar prá pensar” não existe amanhã. Temos que amar hoje porque o amor lança fora toda maldição.
RJ


sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

PÁGINAS DE UM DIÁRIO...


10 de novembro de 2008;

            Na semana passada estive em um seminário sobre o GEPAR (Grupo Especializado em Patrulhamento em Áreas de Risco) e o ”Programa Fica Vivo!”. Foi produtivo. (...)
            No sábado fui prá casa do Chico descansar e só voltei na segunda de madrugada. Confesso que namorei bastante no fim-de-semana. Duas pessoas bem interessantes!
            Assistimos alguns filmes e dormimos. Meu pobre amigo anda muito cansado. Ele trabalha todos os dias das 17 horas até o fechamento do restaurante. Ele é o caixa. Normalmente sai às 02 horas, mas há dias em que sai às 04 horas.
            Ando pensando na minha vida. Acho que faço isso até demais. Seria mais fácil se eu não pensasse... seria um sacramento de salvação: a ignorância. Mas enfim: eu penso! Estou ficando velho. Minhas boas e confiáveis amizades só diminuem. O corpo já sente o peso da inércia. Minha mente já consegue me enganar. Bem que esquecido eu sempre fui. Sabe, sinto a juventude exalando todos os dias como se a vida e o vigor se perdessem ao vento. E o que fica? Às vezes desespero. Às vezes serenidade, e até consolo. Um auto-consolo que diz: “Sou jovem, nem fiz trinta”. Mas o fato é que a juventude está indo, (...)! Tenho que me aventurar mais. Como antes!
            As minhas prioridades não são as mesmas das outras pessoas que têm a minha idade. Isso dificulta minhas relações. As músicas, os filmes, (...).
            Talvez eu é quem deva procurar outros ciclos. Tudo é tão difícil! Mais uma vez eu digo: Não sou eu quem escolhe, são as escolhas que me escolhem!
RJ

domingo, 4 de dezembro de 2011

PÁGINAS DE UM DIÁRIO...


16 de maio de 2001;

                É um vazio muito grande o que sinto agora. Tudo parece conspirar a favor do vão eu se forma em mim. Saio, corro, olho para os lados, me ocupo. Nada: é o que acontece. A tristeza é uma inquilina de tempos antigos que agora incomoda mais do que nunca.
                Batem à minha porta. Não me animo a atender. Vejo apenas pessoas vagando pelas ruas. Tantos encontros e eu fazendo parte dos desencontros. Quantos inquilinos indesejados!
                O equilíbrio não é mais aquele de antes. A firmeza já vai morrendo. A angústia é quem vai tomando conta da casa.
                "..."
                Continuo a olhar os que ficaram, os que deixei, os que me deixaram. Foram-se tão rápido. Todos os dias os encontro. Eles estão comigo e eu estou com eles. Agora tenho que me encontrar. Tenho que estar comigo mesmo. Tenho que me cuidar.
                Quero escrever, quero estudar, quero ser... Eu quero! Mas antes é tempo de reencontrar o encanto. É tempo de reencontro. Adiante... Não posso parar.
RJ