quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

DIÁRIO DE UM TIO 2

28 de dezembro de 2011;

Logo que minha irmã ficou grávida tirei uma folga e viajei para Montes Claros para abraçá-la e abraçar a pequena vida que se fazia em seu ventre. Quis dar um presente que o bebê pudesse usar para a vida toda. Foi aí que lembrei-me do ano de 2000, quando era frade carmelita. Conheci Exupéry, um escritor formidável. Decidi presentear meu sobrinho com um livro mesmo ele ainda estando em sua toca. Seria o primeiro livro de Enzo. A dedicatória diz assim:
"Querido bebê,
toda vida influencia outras vidas; 
Desde já você tem influenciado a existência deste velho aprendiz.
Saia logo dessa toca para aprendermos muitas coisas juntos.

Seu tio, que já te ama...

Raphael Juliano 06/05/11"


Quando Enzo nasceu decidi ler-lhe o livro. Comecei a bela narrativa de " O pequeno príncipe" com ele em meu colo. O olhar do garoto era de uma atenção degustativa. A impressão que tive foi que ele gostou da sonoridade contínua de uma h-estória de amor e carinho. Talvez os céticos relacionais creiam (ou descreiam - sei lá) que um bebê de dias de vida fora do útero não compreenda de narrativas. Pode ser. Mas eu creio na força das palavras. Na força da poesia. Creio que as letras ditas com amor podem gerar paz e perspectiva de eternidade nas pessoas. Não falo de uma eternidade geográfica, falo da eternidade do ecoar daquilo que é verbalizado com afeição e que se materializa no espírito.
O olhar de Enzo, quando leio para ele, é um olhar de compreensão total. Ele compreende que é amado. Ele compreende que está seguro. Ele compreende que está quente e alimentado. É essa eternidade que a leitura gera no coração do pequenino: a eternidade que começa aqui, com o amor de um tio coruja.

RJ

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