terça-feira, 14 de junho de 2011

Filme: X-Men - Primeira Classe.




     Neste dia 13 fui ao cinema com meu irmão e um amigo em comum, Fernando. Minha proposta era ver um filme que fala do cotidiano com uma dosagem requintada de ficção científica: X-Men! Podem se assustar, mas para um trintenário que na adolescência colecionou HQs, X-Men é bem significativo.
     Não entrarei no mérito da produção e dos artistas (parabéns a Matthew Vaughn pela direção), e sim no da mensagem - incisivamente atual. Corroboro com algumas opiniões que percebem o Professor Xavier e Magneto como tipos de Martin Luther King e Malcom-X (respectivamente), na luta pelos direitos civis dos negros americanos. Ambos, sim, ambos lutavam pelos mesmos objetivos. Xavier e King são o esteriótipo do bem porque defendiam seus ideais através da não-violência, e Magneto e X, são a encarnação do mau porque defendiam os mesmos interesses que os mocinhos, mas defendiam o direito e a razão em exercer a violência como reação. Não quero apontar equivocados ou acertantes, porque já me cansei disso, mas nesse sentido é bom observarmos como pessoas que rumam para o mesmo alvo podem trilhar estradas completamente distintas. Atalhos? Não sei. Até que ponto a resistência não violenta é eficaz? Até que ponto a paz é uma opção? Dar outra face? Sim, é um princípio, mas percorrer os caminhos legais também o é, e quase a totalidade dos arcabouços jurídicos nos dá a legítima defesa como poderosa arma. Então eu me pergunto: qual caminho?
     No tocante aos demais personagens o que apreciei na grande tela foram os conflitos interiores. "Ser ou não ser". Mística (Raven) nos brindou com uma evolução espetacular pelo longa. De menininha indefesa e protegida do Xavier à uma mulher convicta e sem medo de mostrar a verdadeira pele. É um chamamento a todos nós para pararmos de nos esconder atrás do politicamente correto, atrás da proteção do não ser. Com isso não quero ser hipócrita ao ponto de pedir a todos que tirem suas máscaras, mas só gostaria de nos estimular a encenar menos... a diminuir nosso número de metamorfoses só por respeito humano.
     Fera (Dr. Henry Mcoy), meu predileto, percorre o caminho inverso de Raven. Na busca por enfiar-se debaixo da mesa, surge sua bestialidade. É exatamente o que acontece quando queremos reprimir nossos desejos mais obscuros. Aquilo que não queríamos que os outros vissem ou percebessem. Quando fazemos esse movimento nossa psique entra em um estado de colapso tal, que não conseguimos mais direcionar nossas energias e explodimos em um ataque incontido de animalidade, dando vazão aos nossos instintos mais primitivos. O caminho da Mística permitiu que ela harmonizasse seu ego, alter-ego e os aspectos da consciência, inconsciência e subconsciência. Coisa que o Dr. Mcoy não consegue, porque ao se reprimir ele detona sua panela de pressão. É fato que no desenrolar da história do Fera - como o conhecemos nos quadrinhos - ele consegue amadurecer, e desenvolver uma personalidade digna de admiração. São os caminhos aos quais me refiro!
     Algo que chama muita atenção nesse filme é a personalidade de Erik Lenhsher. Magneto não era ruim. A maximização de sua raiva por um único humano faz com que ele projete esse ódio para todos os processos sociais. É uma construção interessante se pensarmos do ponto de vista dos oprimidos e famigerados... dos que vivem à margem dessa sociedade do consumo, dessa sociedade do poder, da estética. Por que ele não se tornou um líder pacifista como Charles Xavier? Como Luther King? Digo de novo: são os diversos caminhos que nossos processos sociais interagindo com nossos processos mentais, espirituais e emocionais nos proporcionam. Sem metades. Sem erros. Sem acertos. São apenas estradas!
     Destrutor, Azazel, Banshee, Moira e outros X, humanos e mutantes, fazem o show de pirotecnia e drama, compondo assim, as linhas necessárias do roteiro.
     Pois bem, está ai um belo filme sobre aceitação social. Sobre o poder que existe no sentimento de pertencimento à um grupo. Sobre a soberania das circunstâncias quando nossas opções de vida ainda não estão bem afirmadas no âmago de nossas vontades.

     Eu recomendo!

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