terça-feira, 7 de junho de 2011

Texto "O valor de todos os homens", de Raphael Juliano.

             

   Estava lembrando-me de algumas pessoas, de algumas personagens, de algumas estórias. Eu tentava concatenar as trajetórias de vidas individualizadas com a experiência Transcendental. Confesso que estava nesse processo sem nenhum juízo de valor, pois procuro não fazê-lo porque detesto que o façam de mim.
                Fui ao universo Marvel Comics e trilhei o caminho daqueles meus velhos conhecidos Kurt, o Noturno, Fera, o Dr. Mcooy, Ciclope, o mais velhos dos irmãos Summers. Lembrei-me também do meu amigo de cabeceira, Machado de Assis. Ah, cheguei à comoção quando em minha mente bateu aquele trejeito do amanuense Belmiro
                Em dado momento dessa minha viagem pelas máscaras e verdades daquelas figuras interessantes, lembrei-me de um velho conhecido; Jonas. Eu sempre quis entender a relação de Deus com Jonas, creio que foi por isso que minha consciência reivindicou a lembrança. Não sei se seria pretensão, mas eu queria entender. Confesso minha dificuldade inicial em compreender aquele tumulto relacional de ir, não ir....fugir.....e sei lá mais o quê....peixe grande engolindo e cuspindo. Então, exatamente no momento em que eu tentava mais uma vez ler aquela difícil teo- relação meu telefone vibrou, eu o olhei e pensei alto: the telephone. Para minha surpresa alguém que estava ao meu lado e se diz “crente” (não sei em que, ou quem) disse: “Eita que unção, hein? Lady Gaga?”
 E eu fique naquela: “ Am? O quê?”
 Ele continuou: “Essa aí tá no inferno.” 
                Bem, minha ficha caiu e fui arremessado ao mundo pop. Para o mundo das divas! Meu caro coleguinha referia-se àquela artista americana que arrasta multidões e tenta ser polêmica. Ela tem uma música chamada “The telephone”. Definitivamente não é o tipo da arte que eu curto. Não aprecio nada que seja para multidões. Gosto de fazer meus próprios processos.... gosto de caminhar e Caminhar.  Mas foi por uma sacada dele que eu tive um orgasmo intelectual. De Gaga voltei a Jonas e percebi que não tem nada a ver com ir ou deixar de ir simplesmente.  O alavancar da estória de Jonas não se trata de procurar um esconderijo para sua relação com o divino. O negócio daquele cidadão era o etnocentrismo que estava completamente arraigado em suas entranhas! Jonas achava que Deus possuía um senso desorientado de compaixão. Ele sabia que se fosse até Nínive e apresentasse àquele povo a carinha de Deus e ambos se entrosassem, Ele (Deus) relevaria sua “malícia” de outrora e faria festa de Graça. Os ninivitas apenas não conheciam esse tal “Eu Sou”. Era uma questão de “ Oi tudo bem?” ”Prazer, eu sou fulano.” Era uma questão de existências não-relacionais, que não se excluiam, necessariamente.
                Fiquei meio desorientado em como aquele contundente “essa aí tá no inferno” me abriu os olhos para o olhar valorativo d’Ele para conosco. Fiquei pasmo em como Lady Gaga foi epifânica e me mostrou como o probleminha d’Ele com Jonas era uma questão de valorização das pessoas.
                Não importa quem seja, onde está e qual crença professe, Deus valoriza o humano ser e o ser humano. E como nós não entendemos muito sobre as relações em profundidade, cantamos no ouvido d’Ele:” You called, I can't hear a thing / Você ligou, eu não consigo escutar nada.”(The Telephone music). É nossa melhor desculpa: “Não consigo entender!”
                Fui ao youtube e ouvi a música de Gaga. Definitivamente não gostei da arte com as palavras. A melodia consegue fazer alguns esqueletos balançarem e não creio que ela venceria algum festival de música mais exigente, mas daí entrar na ceara céu e inferno. Isso eu deixo para outra pessoa, afinal o olhar d’Ele é bem diferente do meu porque Sua régua de nivelamento é a graça, e não nacionalidade ou estilo musical. Estas duas últimas sim,.....(risos) são nossas!

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