Uma
salada mista! É isso que a política brasileira se tornou. Lembro do meu tempo
de militância, quando achava que podia fazer muito. Apoiei Márcio Lacerda (PSB)
e Roberto Carvalho (PT) para a prefeitura de Belo Horizonte em 2008. Eu era
assessor de um candidato a vereador do PSL. Por trás disso tudo estava Aécio Neves,
à época governador pelo PSDB, e Fernando Pimentel (PT).
Todos
ganharam. Dois anos depois eu pedi minha demissão. Meus sonhos com a política
envelheceram no meio dessas siglas.
Meu
professor de política dizia que Maquiavel enxergava o poder como um instrumento
para o governante (príncipe) defender seu povo a qualquer custo, mesmo com
crueldade e/ou trapaça. Essa mistura entre os partidos políticos no Brasil me
faz pensar que a política se tornou uma carreira. Cartilhas se misturam em nome
do poder. Cheguei a ouvir "eu não quero dinheiro, quero é poder". Por
que? Ora, hoje o instrumento de defesa da população se tornou mecanismo para a
sua própria conservação. Da perspectiva carreirista, os nossos governantes
querem poder para se manterem onde estão, no poder. E aí qualquer argumento
vale, desde a montagem da figura messiânica de Lula nas eleições de 2002, para
que enfim o PT chegasse ao governo, até a morte de Eduardo Campos.
Pêra,
uva, maça ou salada mista? Parece que ninguém consegue mais distinguir os
sabores, então é salada mesmo! Aécio hoje disputa a presidência da República
pelo PSDB e Pimentel o governo de Minas pelo PT , apoiando Dilma para Presidenta na mesma legenda. Como tudo mudou desde 2008.
Quando
falo que vou votar em determinada legenda, alguns colegas zombam de mim:
"vai perder seu voto, é?" Eu simplesmente respondo: não, vou tentar
sentir o sabor de uma fruta só. Mas depois eu me pergunto: será possível?