segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

DIÁRIO DE UM TIO 4


 16 de janeiro de 2012;
Adélia Prado certa vez escreveu algo do tipo: "a memória só guarda aquilo que o coração amou". Lembrar é amar! Essa é uma verdade quase que absoluta e quando a distância tenta ser uma divindade em nossas vidas percebemos isso com mais clareza. Quando a distância quer que nos ajoelhemos aos seus pés e nos rendamos permitindo que o esquecimento abrace definitivamente aquilo que o coração se esforça por vivificar na mente, temos que perceber o pulsar ofegante da saudade no corpo. A saudade é esse sintoma do que está guardado na alma. É a força da presença que não quer se fazer ausente. 
Tenho recebido fotos de minha irmã para deixar o coração sempre aquecido. Tenho falado com o pequenino ao telefone para que ele não se esqueça de minha voz. Tenho feito minhas liturgias relacionais (apesar de ter abandonado liturgias faz muito tempo) para tornar este meu coração mais forte.  Afinal, liturgias, símbolos são para os fracos. E quem não é fraco? Quem não precisa vez ou outra, de um sinal, de um rito, de uma epifania? Precisamos sim, de sacramentos relacionais, para tocar a beleza das relações. Que sejam fotos, flores, cartas, emails... que sejam telefonemas e mensagens! É preciso trazer à memória o que o coração ama através de sacramentos.
Obrigado pelas fotos que fazem lembrar, minha irmã querida.
Obrigado pelas letras que fazem chorar, Exupéry.
RJ



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