Nosso país é uma grande casa onde a maior parte das pessoas não tem a dimensão da rua. Sim, é uma menção a Roberto DaMatta em sua obra "A casa e a rua". Hoje pela manhã enquanto lia jornal vi uma matéria sobre um cidadão que trabalha como policial civil em Brasília. Ele está de uniforme e pula a catraca da portaria de um Hospital. Quando o segurança do lugar repreende a forma como o policial se portou ele é algemado e conduzido à Delegacia.
Certo é que não se trata da atitude de um policial. Eu sempre insisto: é a atitude de um homem (ô racinha, viu!). Nossa espécie dá sinais de falência a todo instante, contudo aqui embaixo do Equador há alguns comportamentos que ainda são mais arraigados. Temos muita dificuldade em separar aquilo que é público do que é privado, a casa da rua. Não conseguimos mais ter limites quando estamos em um ambiente que não é só nosso. O brasileiro tende a levar sua ambiência privada para o espaço comum, da mesma forma que utiliza do poderio que o estado investe no serviço público para satisfazer a interesses pessoais. Além do poder existe um outro mecanismo largamente utilizado por nós: o status. Não mais o policial ou o juiz, agora aquele que diz "sabe com quem está falando?" é um médico ou um jogador de futebol, mas a mistura entre público e privado continua porque na maior parte das vezes quando essa frase é usada por essas pessoas, que não são funcionários públicos, é para fugir da aplicação lei.
É assim que ainda funciona aqui. Podem dizer que mudamos alguns comportamentos. Até acho que pela vigilância digital realmente tenhamos mudado, mas o fato é que a frase "sabe com quem está falando?" nunca deveria ter sido dita.
Nenhum comentário:
Postar um comentário