Costumo dizer que ao invés de historiador deveria ter sido psicólogo ou Padre.
Muitos – alguns amigos e familiares – procuram-me para desabafar. Na maioria das vezes casais – ou ao menos um deles. Os problemas são muitos e parecidos:
Estou casada há 15 anos, não agüento mais meu marido. Ele não me ajuda, deixa todo o trabalho da casa e dos filhos nas minhas costas. Amanhece o dia com grosseria e quando chega a noite ainda quer sexo.
Meu marido só pensa em sexo.
Minha esposa só sabe reclamar: reclama que gasto muito, que bebo muito, que gosto muito de sexo, que dou mais atenção aos amigos que a ela.
Meu marido não me enxerga, na verdade ele só me vê como uma boneca inflável.
Minha mulher, meu marido gasta muito, estoura o orçamento do mês.
Meu marido é um alcoólatra, não agüento mais.
E as reclamações vão se multiplicando. Na maioria das vezes percebo que depois de um tempo de casamento/convivência marido e mulher apenas se suportam, se toleram. A relação se torna um peso. Alguns e algumas me perguntam se o melhor é separar-se. Pergunta difícil. Resposta ainda mais difícil.
Acredito que em alguns casos depois de muitos anos e de uma série de desgaste, de várias tentativas o melhor é libertar-se mutuamente para reencontrar a felicidade.
Mas, de verdade talvez o melhor não seja terminar o que um dia foi tão bonito e rico de amor, alegria e felicidade.
Às vezes é necessária uma transformação. Um começar de novo. Um tentar entender que embora tendo desgastes é possível ´voltar ao primeiro amor’. Aquele tempo de gentilezas, delicadezas, presentes e presenças. Uma nova viagem de lua de mel. Uma noite inesquecível em um motel com direito a todas as regalias. Um presente inesperado. Uma visita fora de hora. Enfim, artifícios para reacender aquela chama – que se um dia existiu é possível que volte a fumegar.
O tempo é um grande aliado que temos. Cura feridas. Liberta ‘ prisioneiros’. Amadurece a alma. Mas, é também um inimigo. Pode desgastar os amores.
Por isto gosto sempre de pensar na frase de Adélia Prado: “ O que a memória ama se torna eterno”! E eternizado, só nos resta buscar esse amado, esse eterno. Quando se ama nada é peso, mas antes muito leve.
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