quinta-feira, 15 de março de 2012

PÁGINAS DE UM DIÁRIO...

               Descrição: Xeque-mate, simbolizando uma batalha perdida por alguém, mediante escolhas.




10 de março de 2012;
O caminho até aqui foi feito com muitos arrependimentos. É assim que a vida me afeta. Não sou do tipo que nunca se arrepende pelas escolhas feitas, pelos abortos, pelas trilhas deixadas. Pelo contrário; aprendo com meus erros. Torno-me mais humano quando reconheço em meus equívocos uma vontade louca de ser melhor. De experimentar a vida perambulante nas esquinas. É bom recolher os cacos e perceber que ainda pode haver tempo. É bom não me surpreender com tudo o que é humano. É bom saber que errei, que mergulhei fundo na miséria humana, porque hoje posso dizer sobre aquilo que quero, sobre aquele em quem me tornei.
Eu sempre me considerei um amaldiçoado. E longe do que crêem os cristãos místicos, creio que ser amaldiçoado é bom. A maldição nos conduz à uma busca constante pelo Bem, pela liberdade de consciência. A maldição nos move. Benção, não. A benção torna o homem estático. Torna o homem pronto e acabado, nutrindo em nós as certezas que acendem fogueiras. Foi em minha maldição que me rodeei de pessoas amáveis. Foi em minha maldição que encontrei a eternidade pulsando em meu espírito. Foi nela que vi a Deus face a face! Foi nela que entendi o que é o fim, e o que é o meio para se chegar ao fim, não trocando mais um pelo outro. Encontrei em minha maldição uma busca existencial pela paz. Foi em minha maldição que compreendi que todos os homens são merecedores de compaixão, e que merecem justiça, igualmente.
No curto período em que me considerava um “abençoado”, achava que meus conceitos eram absolutos. E foi nesse momento que quase me perdi. Vi que estava errado. Percebi que não poderia absolutizar o que é relativo, e relativizar o que é absoluto.
Ao arrepender-me e assumir meu fardo de maldição voltei a ser homem, voltei a tentar ser melhor, porque antes não havia espaço para mais nada. (estava pronto e acabado)
Hoje vejo o mundo pelas batalhas que perdi. Foram elas que me ensinaram! Hoje vejo o mundo com olhos mundanos “graças a Deus”. Foram meus olhos, meus malditos olhos humanos, que me fizeram enxergar que mesmo não conseguindo deixar a estrada pronta, eu posso marcar com rastros o caminho que tentei percorrer. Eis meus rastros: maldição, arrependimento e desejo de ser bom.
                                                                                                                                                RJ

Nenhum comentário:

Postar um comentário