Já
escrevi que sempre estamos tentando submeter o tempo. É a nossa necessidade de
imortalização. Isso pode ser bom e pode ser ruim. Quando tentamos submeter o
tempo para termos referência do passado e do futuro, considero que seja bom.
Mas quando tentamos submetê-lo com essa ideação de nos eternizar, penso que
podemos sofrer muito. A eternidade é apenas uma conjectura na qual queremos
acreditar.
Nesse
afã passam-se doze meses. E o que fica? O que vai? Gosto da perspectiva de
tentarmos submeter o tempo fechando ciclos. É preciso termos a consciência de
que ciclos devem ser fechados e outros iniciados.
Nos
doze meses que se passaram, fiz escolhas e, atreladas a elas, dei fim a inúmeras possibilidades, mas também me abri para a vida
abraçando o porvir. Deixei pessoas para trás de maneira sóbria, reencontrei
outras e recomeçamos. Conheci novas pessoas que parecem ser incríveis. Decidi
minhas posições no trabalho, publiquei meu primeiro livro, escolhi novamente a
cidade na qual quero viver por mais um tempo, deixei a barba crescer, sabendo que teria que raspá-la novamente. Beijei, arrisquei-me.
Tentei ajudar quem queria ajuda e não ajudei aqueles que preferem seguir
sozinhos. Reafirmei meu amor à família e aos amigos e minha cautela para com as
instituições. Comecei a ler Kerouac, dei um tempo em Dostoiewski, chorei por
Rubem Alves e me apaixonei de vez pelo velho Bukowski. Decidi não trocar de
carro tão cedo e comprar mais chapéus e camisas de poá. Escolhi continuar
amando as reticências e evitando as vírgulas. Na minha caminhada,
tive que ressignificar muita coisa para sobreviver.
É
isto: vamos fechar ciclos. Alguns dizem que
começamos tudo igual. Que os projetos são os mesmos. Coitados. Estão deixando
esta beleza que é a vida passar! Faça um
novo projeto! Inicie um novo ciclo! Aprenda uma nova língua. Apaixone-se
novamente. Aprenda a cozinhar! Corra! Corra mais cinco quilômetros. Faça
Pilates. Mova-se, porque o universo pode conspirar por você a qualquer momento!
Desejo
um bom término e um bom começo!